É realmente raro um filme sem uma única cena onde haja um personagem cozinhando , fazendo um pedido num restaurante ou comendo um doce ou sanduíche na rua – como Audrey Hepburn em Bonequinha de luxo (1961). E quem poderia esquecer das festas de ...E o vento Levou (1939), onde Scarlett O’ Hara e sua paixão, o aventureiro Rhett Butler, se deliciam com todo tipo de guloseimas. Inclusive as receitas sulistas viraram um livro ...Gone with the Wind Cookbook.
Alguns filmes se destacam por terem resultado em autênticas declarações de amor à boa mesa, assim lembramos de A festa de Babette (1988). Ambientado na Dinamarca de 1870, o filme conta a história de uma cozinheira que chega em uma aldeia e vai morar com suas duas irmãs protestantes, donas de austeros hábitos alimentares. Aos poucos Babette transforma o cotidiano com as delícias de sua cozinha.
Delícias semelhantes também enchem nossos olhos e provocam todos os nossos sentidos em Vatel (França, 2000), que mostra uma festança oferecida ao Rei Luís XIV no século XVII.
Para alimentar o corpo e o espírito também, há no cinema comida para todos os gostos. Mas o que conquistou o estômago dos espectadores e grandes bilheterias Hollywoodianas foi a chamada comfortable food, ou comida da alma. Esse talvez seja o segredo do grande sucesso de Tomates verdes fritos (1991). Filme sobre duas mulheres que vencem a crise provocada pela queda da bolsa de Nova York, em 1929, vendendo a receita despretensiosa do título.
Trazendo uma carga de sensualidade incrível, o filme brasileiro de maior bilheteria de todos os tempos, Dona Flor e seus dois maridos (1976). Na pele da desfrutável viúva, Sônia Braga prepara moquecas de dar água na boca. O filme serviu de inspiração para a comédia americana O Sabor da Paixão, estrelada por Penélope Cruz e Murilo Benício, sobre uma brasileira que tem um programa culinário na TV americana. Não podemos concluir o banquete cinematográfico sem falar das trufas que Juliette Binoche prepara no delicioso Chocolate, que recebeu cinco indicações para o Oscar de 2001.
Eu não poderia deixar de citar o brasileiro O Estômago. O nordestino João Miguel, chega em Curitiba sem dinheiro algum no bolso e sem profissão, emprega-se em um boteco onde seus salgados fazem o maior sucesso. Logo é convidado para trabalhar em uma cantina italiana onde aprende pratos mais sofisticados.
Para terminar este menu, uma comédia com Catherine Zeta-Jones e um tempero especial de belos pratos, Sem reservas. Uma disputa de chefs em um sofisticado restaurante de Manhattan, acaba levando-os a se apaixonar.
A lista de filmes segue, com mais antigos como a comédia de Charles Chaplin, Tempos modernos, ou mais atuais como o encantador Julie e Julia, com Meryl Strepp, Comer, rezar e amar com Julia Roberts, ou ainda o desenho Ratatouille. Filmes encantadores, assustadores, agressivos, delicados, mágicos ou instrutivos, mas sempre surpreendentes, os filmes tem uma relação especial com comida. O que seria do cinema sem pipoca!!
Então, luz, câmera , ação e ...Bon appétit mes amis!!!